segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Inferno e o Paraíso no Poder

Blog Carlos Damião ; 1/2/2009

O problema do poder em Santa Catarina e em Florianópolis não é o poder em si, algo que desperta e alimenta os instintos humanos, com o sentido de conquistar, comandar e controlar o aparelho do Estado — ou, até, muito remotamente, promover o bem-estar social.

O problema do poder em Santa Catarina e em Florianópolis está mais relacionado à flagrante ausência de propósitos e projetos de interesse coletivo. Do jeito que a coisa se apresenta, percebemos que os projetos expostos nos últimos anos têm sempre embutidos interesses privados ou restritos.

O problema do poder na atualidade, em Santa Catarina, remete àquela história do “não querer largar o osso”, pelo menos enquanto o osso tenha tutano ou umas nervuras aqui ou ali para a degustação raivosa dos cães do Inferno que rastejam no nosso quintal.

Infelizmente, em todos os exemplos presentes, seja na prefeitura, no governo do Estado ou em parte da Câmara de Vereadores (a maior parte, verdade seja dita), a gente supõe que eles — os poderosos — sempre têm alguma intenção subliminar embutida em seus projetos. Por exemplo: a Copa de 2014. Quem nos garante que por trás do lobby de nossas autoridades não estão implícitos alguns escusos interesses empresariais, corporativos ou familiares? Não, não estou sendo ingênuo nem afirmando nada. Estou apenas pensando publicamente sobre certas coisas que vêm acontecendo em Santa Catarina.

São inúmeros os pequenos, médios e grandes fatos escandalosos que nos intrigam todos os dias, com freqüência espantosa. Porque simplesmente não há transparência efetiva, e aparecem sempre dois ou três poderosos que se atrapalham nos discursos e nas entrevistas, nunca conseguem explicar direito o que pretendem. No caso dos projetos votados apressadamente pela Câmara Municipal de Florianópolis e derrubados por decisão judicial, havia algo de muito estranho desde o início, desde a convocação extraordinária. O prefeito Dário Berger tentou, tentou, tentou explicar, mas não conseguiu (ele nunca convence, tem sérios problemas ao falar de improviso). E até hoje eu não consegui entender por que, ao invés de enviar projetos feitos nas coxas, ele não cobrou do IPUF e da Câmara de Vereadores a finalização do Plano Diretor, que deve pôr fim aos remendos em geral que vemos por aí e que causaram a lenta destruição do nosso Paraíso, que caminha para ser uma Ilha Morta, no dizer do amigo blogueiro Les Paul.

Já disse aqui e repito: com o Plano Diretor, que deveria estar pronto em 2006, não haveria necessidade de projeto de defeso do Itacorubi e nem teríamos dúvida sobre o destino do terreno do penitenciária: é do povo, não desse governo predador, perdulário e suspeito. Portanto, o problema do poder em Santa Catarina e Florianópolis, na atualidade, não é o poder em si (os aparelhos do Estado), objetivo de qualquer partido, de qualquer político, seja de esquerda, centro ou direita. A questão do poder em Santa Catarina e Florianópolis, na atualidade, é a pouca vergonha, ou a falta de vergonha, manifesta ou não-manifesta nos discursos, nas entrevistas, nos objetivos sempre nebulosos que eles, muito ridiculamente, acham que a gente não percebe. Mas há, ao contrário do que eles supõem, uma cidade pensante, crítica, viva e preocupada com o futuro — o futuro que está muito distante dos interesses difusos, grupais, familiares ou individuais de nossos tristes governantes.

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