terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O drible de Dário

Diário Catarinense ; 3/2/2009audelino José Sardá

Florianópolis já teve prefeitos descomedidos, a exemplo de Osmar Cunha, o professor de economia da UFSC, que habitualmente abria o verbo sem se preocupar com o efeito bumerangue. Nilton Severo não foi polêmico, mas suas reações ensejaram-lhe o apelido de alcaide da boca torta. Mas ele cumpriu à risca a atribuição que lhe delegou o governador Colombo Salles, de combate às oligarquias. Os episódios que marcam o início de 2009, exibindo o perfil oculto do prefeito Dário Berger, prenunciam um período de turbulência política. De uma só vez, Dário puxou a espada para políticos, empresários, jornalistas e até para assessores seus. Não foi à toa que Ildo Rosa preferiu retornar à Polícia Federal.

Dário desafia o poder político da cidade apostando no voto da massa que o consagrou. Será que ele esqueceu Fernando Collor?

O que causa perplexidade é que o discurso de Dário tem algumas verdades que o poder político da cidade aprendeu a jogar para debaixo do tapete. Não é mentira que a gestão pública foi conivente, ao longo dos últimos 60 anos, com a insolência da construção civil, que continua desfigurando a Ilha, e que a estrutura da Prefeitura está viciada e indolente.

Contudo, esse discurso não dá ao prefeito o direito de burlar princípios, espalhar acusações e de se achar o messias da ilha dos casos raros. A Acif, por exemplo, não pode responder por empresários que não pagam impostos. A postura de autoritário reflete o seu desejo de querer resolver, ao seu modo, os problemas da cidade. No seu modo de agir podem estar embutidas estratégias indesejáveis à cidade, motivo pelo qual a ampla discussão é o caminho imune a soluções messiânicas. Para isso, os vereadores precisam também pensar na cidade e resgatar o decoro da Câmara.

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