· A ordem é improvisar
Diário Catarinense ; Moacir Pereira ; 20/10/2009
O ritmo de construção de edifícios residenciais em Florianópolis é avassalador. A cidade cresce de forma desordenada em vários bairros e distritos. Até naquelas áreas de baixa densidade populacional, onde o trânsito fluía com alguma tranquilidade, nas horas de rush é o caos, com filas quilométricas. Tudo previsível. Numa via pública onde só habitavam proprietários e inquilinos de residências, de repente surgem dezenas de prédios com milhares de famílias a ocupá-los. Congestionamentos e mais congestionamentos para infernizar a vida dos motoristas, criando mais estresse e retirando uma das características positivas da cidade, a humanização promovida pela junção das belezas naturais com a receptividade de seu povo.
O Sul da Ilha teve multiplicada a população, e os governantes – todos – sequer se deram conta de que era necessário dotar a infraestrutura rodoviária de um acesso ampliado. Ficou tudo como estava antes. O Campeche cresceu desordenadamente, com ocupações ilegais, avanços no Plano Diretor e sem qualquer preocupação com áreas verdes e, sobretudo, parques infantis para as crianças e lazer para os adultos. Virou um pandemônio urbano. De bonito, mesmo, ficou a maravilhosa praia.
Os condomínios vêm se espalhando por áreas verdes do Pântano do Sul, Ribeirão da Ilha e arredores, sem qualquer planejamento. Outra vez tudo na maior improvisação.
Caiu um caminhão na Ponte Colombo Salles? A ordem dada foi de elevar a altura das proteções metálicas do guard-rail, quando a engenharia de tráfego aplica em todo o mundo o afastamento da calçada desse sistema de segurança.
As filas das pontes que atormentam a vida de ilhéus, continentais, metropolitanos e turistas há anos, no período da manhã e no fim do expediente, início da noite, ganham dimensões gigantescas. E o que fazem as autoridades? Convocam especialistas para dar uma solução técnica? Negativo. Improvisam com corredor de ônibus. Vão conferir e o plano está furado, pelos perigosos cruzamentos e pela falta de exclusividade.
Fechamento
Agora, a prefeitura fecha as duas avenidas que atuam como artérias vitais para facilitar o fluxo de veículos. Mais improvisação. Será um cenário de mais confusão e mais caos no já tumultuado trânsito de Florianópolis.
Santa Catarina tem cursos de Engenharia premiados no Brasil. A UFSC coloca no mercado profissionais destacados em Arquitetura. O Crea catarinense é considerado um dos mais qualificados do país. Vai-se conferir, só dá improviso. O Viaduto Ariel Bottaro Filho, ao lado do Cemitério do Itacorubi, afunila no final. O Viaduto Vilson Kleinübing teve uma recente improvisação, para permitir o retorno dos veículos que saem da SC-401 e se dirigem ao leste da Ilha. O viaduto de Capoeiras parece piada de português.