sexta-feira, 31 de julho de 2009

Afinal, interessa saber de quem é a casa?

Blog Cesar Valente ; 31/7/2009

Ontem, quando publiquei a foto de uma horrenda quadra de tênis sobre pilotis avançando mar adentro, na Praia do Meio, em Florianópolis, propus uma brincadeira de adivinhação, pra gente descobrir de quem é a casa.
Houve quem dissesse que era do Djalma Berger, irmão do prefeito de Florianópolis e atual prefeito de São José. E teve quem afirmasse que era do Dilmo Berger, o irmão que cuida dos negócios da família. Tudo indica, no entanto, que a propriedade dos Berger não é ali. Eles até têm outros terrenos e casas na cidade, pelo menos um dos quais esteve envolvido em controvérsias por conta de uma detonação de rocha. Mas não seriam responsáveis por isso aí.
Estava me preparando para ir além na pesquisa, quando me dei conta que hoje é sexta-feira, o frio continua, o céu tá orríveu e, do alto das minhas pantufas, tomei uma decisão autoritária, ditatorial e, como soem ser essas decisões, preguiçosa: não quero mais saber de quem é a casa. É suficiente que seus proprietários saibam que a gente sabe o tipo de gente que eles são.
E isso vale para todos e todas que avançam no bem público (que tanto pode ser dinheiro dos impostos como áreas públicas) achando-se muito espertos. A Justiça nem sempre os alcança, porque muitas leis foram feitas por prepostos dessa gente, cheias de desvãos postos ali propositadamente para permitir o tropeço dessa pobre senhora que, além de ter que carregar uma balança anacrônica (que nunca está equilibrada), ainda tem os olhos vendados. Mas a gente sabe o que eles fizeram. O que fazem. O que estão sempre fazendo.
Neste final de semana, tirem um tempinho para, diante do computador, dar uma fiscalizada no litoral caprichosamente recortado desta ilha e de seus arredores. Usem as imagens de satélite disponíveis no Google Earth ou no Google Maps. Na parte central da ilha e em algumas praias do Continente, as imagens são de janeiro de 2009. Em muitas áreas (como a Lagoa), de 2003. Mas isso não faz muita diferença, porque essas invasões marítimas, na maior parte dos casos, são antigas. Várias já estavam lá há décadas. Façam um sobrevôo a baixa altitude: a 400m, por exemplo, as imagens ficam nítidas e pode-se ver perfeitamente cada casa, cada trapiche, cada pedra.
Isso de avançar sobre o mar é um comportamento que há alguns anos era considerado normal. Até ajudava a mostrar um certo poder financeiro e político. Dava status. Hoje, felizmente, isso está mudando. As novas gerações já não acham assim tão bacanas os bacanas que projetam suas construções de gosto duvidoso por cima da restinga, das pedras, da areia e do mar. Os autores de tais façanhas talvez nem saibam o dano que causam às suas próprias imagens, com essas obras. Passam a ser conhecidos, na cidade, como novos-ricos deslumbrados e/ou bregas. E devem achar que tudo se deve à inveja que temos do dinheiro deles. Que nada. Ninguém tem inveja daqueles que não sabem usar, com inteligência, sua riqueza.
Ondas...

Blog Cesar Valente ; 31/7/2009

Essa valsa é antiga. Avançar sobre as ondas, e sobre as pedras e a areia, nas áreas litorâneas, é esporte tradicional praticado por muita gente. Dei uma rápida espiada no Google Earth pra mostrar, de outro ângulo, aquela casinha que aparece na foto da nota abaixo, na Praia do Meio. E achei mais algumas “obras de arte” que desafiam o nosso entendimento. Olha só:





Maravilhas da engenharia costeira

Blog Cesar Valente ; 30/7/2009

Como este blog passou o dia de papo pro ar, os leitores trataram de tomar uma providência. E me mandaram a fotinha acima (clica nela que se abre uma ampliação), com o seguinte recadinho:
“Pensei que apenas no Burj Al Arab fosse ver uma quadra de tênis sobre o mar, mas temos (ao menos) uma aqui em Florianópolis, veja as fotos. Fica no canto da antiga Salga, na tradicional praia do Meio, em Coqueiros. Dá uma perguntadinha pro prefeito Dário Berger se ele conhece o proprietário.
Há algum tempo, fizeram um “auê” por causa de uma cerquinha na praia da Saudade, colocada por um colégio. Agora temos uma quadra inteira sobre o mar.”
Trata-se, literalmente, de uma quadra de tênis sustentável. Não viviam dizendo que o desenvolvimento litorâneo precisava ser sustentável? Taí. Não ficou lindo?
Para animar este final de tarde frio pracaray, taí um joguinho de adivinhação: alguém aí, além do prefeito, sabe de quem é essa espetacular, ecológica e totalmente demais construção sur mer?




terça-feira, 28 de julho de 2009

Reações aos invasores que espalham a destruição

Blog Carlos Damião ; 28/7/2009

Parece que a prefeitura da Capital não está atenta a um problema que vai se agravando a olhos vistos: a ocupação de encostas nas rodovias SC-401 e SC-404. Assim, o que temos (ou tínhamos) de áreas verdes remanescentes da Mata Atlântica vai sendo destruído rapidamente pela ação de invasores, a maior parte dos quais procedentes do Rio Grande do Sul, Paraná e Oeste catarinense.

Em Biguaçu, a prefeitura local dá o exemplo: quem invade áreas de preservação ambiental é enquadrado legalmente, impedido de construir ou convidado a se retirar do município. Parece uma medida tardia, porque a destruição de áreas verdes em Biguaçu avançou rapidamente nos últimos anos, por conta da politicagem praticada por quem estava no poder. Mas antes tarde do que nunca: Biguaçu está acordando para o problema das ocupações clandestinas e ilegais.

A propósito: por que se aplica tanto rigor a quem pretende construir dentro da lei e se permite que os migrantes, sem lenço e sem documento, se instalem sem problemas em encostas, restingas, dunas e manguezais?